Uma semana com 30 anos. Me sinto ótima. Obrigada

Ser mulher tem dessas, você cresce dando explicações sobre tudo, inclusive da idade que completa. Cada fechamento de década é uma nova cobrança e talvez uma nova desculpa. No meu caso creio que meu rostinho sarcástico impediu piadinhas do tipo cadê o marido ou quando você sairá de casa?
Fazer trinta anos pra mim é bem simbólico, quando pequena sempre dizia que queria ter trinta anos, no meu imaginário com trinta anos...eu teria resolvido a vida.
Fica sempre aquela sensação idiota de nossa...vou fazer trinta, sente-se até o peso na coluna ao terminar a frase, na boa, levanta se da cama assim como quando completa se dezoito. Nada muda, mesmo que tudo esteja diferente agora.
Com trinta anos, mais do que nunca, não me sinto obrigada a nada. 
A frequentar lugares que não me agradam, a ouvir músicas que me irritam, a forçar simpatia com pessoas escrotas.
Com trinta anos tento ter mais paciência comigo mesma, um corpo já não mais tão eufórico, com uma cabeça já não tão vazia. Paciência ou será sabedoria? Em esperar o tempo das coisas, em não terminar algo já com os braços a abraçar outra responsabilidade. 
Descansar também é desejo.
Não quero mais consumir como consumia, comprar por comprar. Quero comer melhor, trocar algumas coisas, diminuir a bebida. Praticar alguma atividade nova, música ou quem sabe yoga. São planos singelos, mas são pequenos momentos de bem estar, são pequenos refúgios.
Irei voltar a estudar, como meta dos trinta, aprender uma língua nova, ler mais do que usar redes sociais, buscar minha espiritualidade negada de uns anos para cá.
No meu caso, o amor sempre foi contrário a felicidade, de amores platônicos, de rejeições eu tenho um arsenal de histórias que vão desde às hilariantes até as mais problemáticas que nem Freud explica. Entendi que boa parte do meu sofrimento estava na configuração de mulher a qual fui criada e educada para seguir, ou seja, mulher casada e com filhos ainda jovem.
Foi necessário chorar um mar, foi necessário me forçar a relações tóxicas, foi necessário me sentir imunda, para entender que nada daquilo era preciso, para que eu fosse uma mulher completa e feliz.
Descobri a mochila, os hostels, redescobri o meu lema da adolescência, "Além do horizonte deve ter..." e tem, muita coisa pra se ver e conhecer, viajar ou que seja em boa parte do tempo, planejar minhas pequenas viagens tem me  mostrado o quanto existem pessoas como eu por aí, fora do padrão, fora da métrica de felicidade aos 30 (pelo menos fora da que eu conheci aqui no interior paulista).
Meu trabalho está longe de ser aquilo que almejei, me agrada mais a discussão acadêmica do que a sala de aula lotada de alunos... mesmo que eu tenha sido uma acadêmica mediana, aprecio mais aprender do que me virar em mil para tentar ensinar.Mesmo assim, não sou de toda frustada, o pouco que realizo me é de grande valor pessoal e tem sim seu papel social, sou honesta em que faço na escola.
Melhorar enquanto humana, criar minha Helga, não criar grandes expectativas, ser menos cruel comigo mesma, cuidar mais dos meus interesses antes de me preocupar com o bem estar de todos ao meu redor em detrimento do que quero. Organizar um canto pra mim, com cozinha equipada, com livros na mesinha, portas retratos, um sofá gostoso, uma cidade nova, que me proporcione o que mais preciso, novos amigos, novos amores, um novo ar e esperança de renovação sempre. Amém.


Comentários

  1. Realmente as cobranças são várias, mas os novos tempos permitem avançar nesses quesitos...

    https://lulopesfada.blogspot.com

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