Itinerante


Sempre fui uma mulher de pedidos de ano novo, a cada meia noite de 31/12 pedia ao Deus cristão e também aos pagões que me trouxessem aquilo que almejava, ou que resolvessem aquilo que eu não julgava poder mudar sozinha.
Sempre fui ignorada, e da espera nasciam as frustrações, até o ano em que pedir algo não parecia mais importante, diante de tamanha perda. Passei a ver as travessias anuais do calendário como uma data qualquer, a não ser pelos fogos.
Tudo o que os deuses não resolveram para mim hoje entendo as como de fato, pedras do meu caminho, as quais eu tive de pisar. 
Em 2018 irei completar meus temidos e esperados 30 anos, sempre quis ter 30 anos porque acreditava estar mais do que resolvida com essa idade. Na minha pequena inocência já seria mãe, esposa e teria um carnê de casa própria pra pagar. Nada contra, mas até bonecas que choram me dão desespero.
A verdade é que chegado ao meu ano, (os 30 ) eu vejo em mim uma mulher que já se divertiu muito com amigos, que já conheceu gente esquisita e já teve que conviver muito com gente maçante. A questão é que a perspectiva dos 30 tem me feito pensar com mais urgência viver aquilo que eu planejei quando menina, de maneira muito utópica que é simples e complexo, viver minha liberdade. 
Não posso esperar mais que a estabilidade financeira venha, que o emprego que almejo venha, fui longe (não tanto quanto sei que ainda irei), preciso viver o hoje,  e por hora irei viajar.
Cada centavo ganho, cada dia calculado para conhecer esse vasto mundo é só isso que quero a partir de hoje. 
Quero voltar a estudar, ler mais, usar menos redes sociais, coisas que minha pequenês humana é capaz de fazer sozinha sem a necessidade de intervenção divina.
Que venham os 30 e 2018 e mais e mais destinos.
















“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink

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