Quando eu envelhecer.
Um espectro de mulher velha me olhou nos olhos hoje.
Estava ali numa daquelas poltronas de vovó, cabelos presos num coque desalinhado, não de todo branco, mas já não mais negro de todo.
Os olhos cansados atrás de velhos óculos “gatinha”, um livro na mão, o olhar perdido pela janela... O pensamento onde estaria?!
Aquela mulher velha, que não usava preto e sim qualquer coisa mais clara tinha roseiras em seu parapeito, uma casa silenciosa de lembranças estampadas em fotografias espalhadas aos montes, o sorriso sempre estava lá.
Os rostos mudam de lugar em lugar e de acordo com as artimanhas do tempo. Com o tempo também as estantes empoeiradas com livros, enfeites e porta retratos.
Pedaços, cacos de uma vida inteira vivida. Atrás dos óculos “gatinha”, era um rosto que eu podia reconhecer bem, a pele morena clara e as covinhas nas bochechas ainda me faziam reconhecer.
Na fala mania velha, costume adquirido de falar cada vez mais sobre versos cansados de rima, às vezes amargo, ou talvez tão doce que lhe arrancaria uma lágrima.
Assim de repente o silencio quebrado pelos cacos de vidro no chão, um movimento leve tirou sua atenção do passado que estava em seu rosto, e a nova vida lhe veio ao colo, pedindo arrego.
Você conseguiu deixar em cacos a meu espelho.
ResponderExcluirMas espero que as covinhas não tenham deixado de fato esquecer a quem se é.
Tal como a beleza que se tem.
Não encontrei rimas. Mas encontrei amargura e um tanto de coçura pra deixar em equilibrio.
Digo com certeza que esse foi seu melho texto até hoje.