O que se vê


Acorda sem que o relógio desperte
Levanta aflita por mais um dia que terá de enfrentar
Sai, ignora grande parte do universo
Mas sorri e acena como se os amasse

Dificilmente está onde se vê
Como um Dom Quixote também luta com seus moinhos de vento
Todos os dias

Vive numa camisa de força
Atada nos problemas da vida
Frustada e ansiosa no que espera um dia viver

O que se vê
É uma mulher desajeitada
Com a vaidade perdida entre dores e nãos que a vida lhe deu

O que se vê
É alguém escondida em seus livros
Porque o mundo se mostrou insuportável

O que se vê 
São os dias de céu azul
Que a sufocam de tédio


O que se vê
É alguém tentando sobreviver
Num meio hostil, solitário e silencioso

Silencioso
Silencioso

Um organismo pacato
Parado
Como um buraco negro 
Engolindo tudo ao redor
Silenciosamente 


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