Fantasy
Ela era somente uma imagem desforme, mal colocada talvez, arranjada de qualquer maneira num canto.
Ou talvez o lugar dela nunca devesse ter sido aquele, rodeado de espinheiras nada santas, de rostos fingidos, daquela roupa polida de cores murchas e moda ruim.
Na claridade das suas lágrimas quase que diárias ela tentava enxergar caminhos novos, ela tentava pular as barreiras que se erguiam como labirintos do minotauro em sua frente.
E quando ela respirava fundo para sentir toda a beleza que carregava, e ouvia a Valse d'Amelie em seu recanto a vontade de correr se multiplicava.Correr para distante, correr de si.
E assim ela olhava para dentro, em minutos via toda a menina que crescida havia trazido consigo as fantasias da infancia, a ingenuidade das relaçoes, achava ela ainda que ninguém no mundo mentia, e que todos eram bons.
Era tão melhor viver o imaginário, mais ainda quando o peito aberto sofre ferida, no vai e vem dos corpos.
Se não fossem essas fantasias, duvido muito que ainda estaríamos vagando por aqui.
ResponderExcluirLembra que Teseu teve a ajuda de Ariadne? Não que seja fácil ter um novelo de lã, mas sempre tem um caminho dentro do labirinto ou então entre as pedras que estão na praia. Correr de si é a mais difícil das corridas.
Não existe muita receita para não sofrer de amor e solidão: "amar demais é sofrer demais". O resto, bem... o resto, não tem muita graça.
ResponderExcluirO fantástico, é que para algumas pessoas, viver cada segundo é um ato de heroísmo. Para os imbecis, um rosto preocupado ou um olhar distante e excêntrico é sinal de loucura...
Mas cada um investe parte da sua coragem: alguns arracam a fantasia que de tão grudada remove a pele do rosto, e assim aparecem para o público - as pessoas ficam horrorizadas de verem a cena, pois todos usam máscaras, e aquela pessoa justamente expõe às ferridas da face nua - o medo, o feio, o tédio, o rancor e, também, o EXCESSO DE AMOR.
É insuportável, ninguém suporta ver uma pessoa apaixonadamente triste.
Bonito o seu texto... gosto muito de ler as coisas que você escreve, gosto mesmo. Cada um investe o seu limite. Vejo as coisas que vc escreve como partes excessivas dos seus limites e da pele exposta.