Eu não merecia também. #servítima.
Todo mundo que me conhece sabe, eu raramente me visto como os homens e mulheres machistas gostam de taxar como vulgar, curto demais, sexy demais. Na verdade eu precisava melhorar esse meu lado, já passei da idade de vestir tanto tênis e vestido de bolinha.
Eu li, observei todos os comentários e pequenas formas de protesto que se seguirão à pesquisa sobre estupro e violência contra as mulheres no Brasil, praticamente fui intimada pelos meus alunos a discutir o assunto em sala de aula tamanha a revolta. E claro pensei no mínimo 200 vezes se gostaria de escrever e expor o que aconteceu comigo aqui no blog.
Eu só tinha 14 anos quando me senti "perseguida", "seguida" e assediada sexualmente, estava voltando de uma videolocadora, as 6 da tarde de calça jeans e camiseta... E do nada um homem muito mais velho passou a me seguir e a usar de ameaças com cunho sexual...Este homem me seguiu por longos 2 anos todos os dias em que eu ia para a escola sozinha...O que era praticamente sempre.
Ele nunca tocou em mim mas fazia ameaças diariamente...Eu usava uniforme escolar nada sexy ou algo provocador. Meus pais levaram meses para acreditar que eu estava sofrendo, quando me recusei a ir pra escola sozinha, comecei a ter crises de choro eles passaram a levar mais "a sério" minhas reclamações e medos.Mas enquanto alguém estava comigo ele nunca aparecia, quando surgira as vezes de carro ameaçava me sequestrar , as vezes me seguia por esquinas. Com 16 anos eu estava indo para a academia as 3 da tarde e o vi me esperando numa esquina para novamente me encher com suas palavras chulas e ameaças, chamei a polícia. Ele desapareceu.
Após 3 anos, lá estava eu voltando para casa as 9 e meia da noite de novo de calça jeans, sandália e camiseta. Dessa vez era outro homem completamente desconhecido, eu só me lembro até hoje dos socos... Das minhas quedas no chão sempre tentando levantar e correr, dos arranhões do pavor.E sim eu escapei do pior. Eu faço parte do menos de 5% das mulheres que se livram de estupros no Brasil.
Eu estava a 1 esquina de casa.
Ninguém me socorreu.
Eu fiquei em estado de choque e toda minha família sofreu.
Eu não dormi ou saí a rua em paz por semanas, meses... Até hoje não ando a pé a noite.
Parei minha vida social aos 19 anos.
Eu não merecia ser vítima.Eu nunca me expus. Eu nunca provoquei.
E mesmo se o tivesse feito, ninguém pode me tocar sem meu consentimento.
Me mudei de cidade em 4 meses e segui minha vida...Mas não sem problemas posteriores. Tenho síndrome persecutória derivada dos assédios... Odeio pessoas paradas ou caminhando atrás de mim, sou mega desconfiada o que atrapalha meus relacionamentos interpessoais.
Já fiz terapia várias vezes.
Hoje quase ninguém mais se lembra desse fato, minha família apagou, meus amigos esqueceram.Mas eu lembro todos os dias, eu sofro sempre.
As marcas da violência na mulher não somem como os hematomas, elas permanecem e nos afetam acredito eu para sempre.
Estes 65% são reais, o brasileiro homem e mulher pensa dessa maneira.
Eu só posso sentir muito e acreditar no que o psicólogo dizia...Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Não vai acontecer de novo. Mas já foi o suficiente para que eu mais uma vez reitere #eunãomerecia.
Eu li, observei todos os comentários e pequenas formas de protesto que se seguirão à pesquisa sobre estupro e violência contra as mulheres no Brasil, praticamente fui intimada pelos meus alunos a discutir o assunto em sala de aula tamanha a revolta. E claro pensei no mínimo 200 vezes se gostaria de escrever e expor o que aconteceu comigo aqui no blog.
Eu só tinha 14 anos quando me senti "perseguida", "seguida" e assediada sexualmente, estava voltando de uma videolocadora, as 6 da tarde de calça jeans e camiseta... E do nada um homem muito mais velho passou a me seguir e a usar de ameaças com cunho sexual...Este homem me seguiu por longos 2 anos todos os dias em que eu ia para a escola sozinha...O que era praticamente sempre.
Ele nunca tocou em mim mas fazia ameaças diariamente...Eu usava uniforme escolar nada sexy ou algo provocador. Meus pais levaram meses para acreditar que eu estava sofrendo, quando me recusei a ir pra escola sozinha, comecei a ter crises de choro eles passaram a levar mais "a sério" minhas reclamações e medos.Mas enquanto alguém estava comigo ele nunca aparecia, quando surgira as vezes de carro ameaçava me sequestrar , as vezes me seguia por esquinas. Com 16 anos eu estava indo para a academia as 3 da tarde e o vi me esperando numa esquina para novamente me encher com suas palavras chulas e ameaças, chamei a polícia. Ele desapareceu.
Após 3 anos, lá estava eu voltando para casa as 9 e meia da noite de novo de calça jeans, sandália e camiseta. Dessa vez era outro homem completamente desconhecido, eu só me lembro até hoje dos socos... Das minhas quedas no chão sempre tentando levantar e correr, dos arranhões do pavor.E sim eu escapei do pior. Eu faço parte do menos de 5% das mulheres que se livram de estupros no Brasil.
Eu estava a 1 esquina de casa.
Ninguém me socorreu.
Eu fiquei em estado de choque e toda minha família sofreu.
Eu não dormi ou saí a rua em paz por semanas, meses... Até hoje não ando a pé a noite.
Parei minha vida social aos 19 anos.
Eu não merecia ser vítima.Eu nunca me expus. Eu nunca provoquei.
E mesmo se o tivesse feito, ninguém pode me tocar sem meu consentimento.
Me mudei de cidade em 4 meses e segui minha vida...Mas não sem problemas posteriores. Tenho síndrome persecutória derivada dos assédios... Odeio pessoas paradas ou caminhando atrás de mim, sou mega desconfiada o que atrapalha meus relacionamentos interpessoais.
Já fiz terapia várias vezes.
Hoje quase ninguém mais se lembra desse fato, minha família apagou, meus amigos esqueceram.Mas eu lembro todos os dias, eu sofro sempre.
As marcas da violência na mulher não somem como os hematomas, elas permanecem e nos afetam acredito eu para sempre.
Estes 65% são reais, o brasileiro homem e mulher pensa dessa maneira.
Eu só posso sentir muito e acreditar no que o psicólogo dizia...Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Não vai acontecer de novo. Mas já foi o suficiente para que eu mais uma vez reitere #eunãomerecia.
O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
Friedrich Nietzsche
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