Hiato

Mutilada
Imensos vãos formam meu corpo e alma

Recolho peças estranhas
Pedaços que não se encaixam

Os olho
Os organizo
Os molho com o sal dos meus olhos

Tento em vão me preencher
Com aquilo que já foi embora

Tento em vão
Me preencher

Com um amor que não nasceu
Com uma paixão que não murchou

Quando abro a porta do passado
Um sopro forte e frio vem de encontro ao meu rosto
Tantos dias cinzas

E me vejo no espelho a questionar
Onde estaria minha recompensa cristã

Vivo o hiato
De não amar o certo
De esperar de perto
Que esse buraco se feche

Espero
Quero
Nunca mais arriscar abrir

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