Suja

Meu corpo está enlameado
Manchas escuras cobrem meu colo,
pernas, costas
Uma sujeira espessa que o mais forte arranhar
não retira

Meu corpo está imundo
da minha pequena vaidade
da minha falta de amor próprio

Joguei me aos porcos
Fui devorada
Deixada para lá

Joguei me ao medo
Na ponta dos dedos segurei a mão ao lado
Mas era um cordão curto
Frouxo
Podre

o abismo se abriu
estou aqui deitada
vendo nuvens disformes passarem a correr no céu
nem sempre tenho vontade de me levantar e correr
posso permanecer deitada
até que a chuva me afogue



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