Pra que os diários?
Quando criança deitava no chão para olhar o céu.
As vezes dormia sobre a sombra de uma árvore, com o balanço do vento,
e todas as demais peripécias que vivia nos meus dias puros e inocentes
foram levados ao meu pequeno diário eterno.
Qual fim destes diários? Me lembrar as recorrências da vida? Da minha vida?
Todos eles, encharcados das lágrimas adolescentes que conviveram tanto comigo,
tenho escrito muito pouco nele, hoje me parece inútil.
Na maior parte das vezes escrevo como um alívio da alma, é como se saísse de mim. Mas aí o tempo passa e eu o releio e me antecipo às palavras, sinal que de nada me libertei naquelas linhas.
Releio e vejo uma menina que não teve chance, ou melhor nunca teve a segunda chance.Vejo uma mulher de beleza escrita e falada, uma beleza que me cobra mais que me alivia.
Não desisti de mim, mas o caminho está cada vez mais estreito, e só.
E todos os devaneios de amor que sinto, e todo este amor que sufoca, nauseia e cega me dá um medo do tamanho do mundo, logo a mim que fiz do medo inominável.
Insisto em me dar o que a vida me nega, e vivo numa eterna guerra de mim.
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