Num sopro

Não encontrei as mãos entrelaçadas,
Vi os lábios se encontrando em salivas e afagos eufóricos.
Não encontrei os olhos nos quais mirar,
mas senti a pele a roçar a minha.
Não senti o coração pulsar,
mas pude perceber a respiração afoita.
Não tinha não aquele carinho sincero,
mas senti o desejo na carne arranhada pela unha,
pela dor física.
Senti o sexo, não era amor.
Pois que não seja dor pobre menina,
Pobre mulher
Mulher
Que estas dores, culpas e complexos
Já não se vestem mais em teu corpo.
Agora tu és como todas as belas,
Não mais adormecidas em sonhos irreais
Talvez hoje sejam apenas os desejos carnais a conduzir teu corpo.
Desejos os quais não devem ser tão moralmente reprimidos,
O amor
Este sim. O pai das discórdias,
das dores e lágrimas.
O mentor das noites mau dormidas e descontentes,
o elo entre o amado e o rejeitado.
Este amor sim deve ser moralizado e descriminado.
Pois o desejo, este não nos pede nada além do que é.
Este passa
Este se esvai num sopro, num suspiro, num gemer.

Comentários

  1. Jéssica, cálido e suave; delicioso... Parabéns! Com tempo, deixe sua impressão no meu http://jefhcardoso.blogspot.com Ficarei honrado!

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