Dentro de uma caixa.


É incrível como a tristeza nos inspira, mas eu confesso que as minhas confusões internas me dão muitas linhas, às vezes sem sentido algum, e no final acabo conseguindo encontrar alguma coisa escrita ali de verdade.
Como Drummond dizia, ele não se cabia em si por isso se contava , acho que tenho muito disso, minhas emoções ficam tão borbulhantes dentro de mim que acabo levando as pro papel hora de maneiras compreensíveis, hora completamente bagunçadas.
Às vezes me prendo como se me guardasse dentro de uma caixa de papel, deixando somente um buraquinho para que o ar possa entrar, e chegam dias que ficar ali dentro me cansa... Ver a mesma paisagem, ouvir as mesmas musicas conversar com as mesmas pessoas, tudo parece cansativo demais para que eu consiga continuar.
Diante disso, rasgo toda a caixa, saio de lá com a vontade de viver como um animal que sai do ovo, meio torta, às vezes chorando, às vezes rindo.
Ainda bem que posso dizer hoje, que minha vida passa por uma equação simples e boa de ser sentida, tudo que me acontece de chato, logo volta em coisas boas, talvez eu me iluda facilmente ou faça parte da parcela mínima de pessoas na terra, que sabem perceber a beleza de dias simples, a beleza de poder sorrir de se sentir desejada, amada e principalmente lembrada por aquela pessoa que você nem espera e te mandou um beijo.
Hoje estou sentada numa nuvem, mas ainda assim com os dois pés no chão, e os olhos no horizonte, e nele eu posso ver o por do sol e a lua logo ali esperando a sua vez para brilhar.
Vou viver assim, saindo cada dia um pouco do meu ovo, cada dia um pouco mais diferente e ainda sim a mesma de sempre.

Comentários

  1. O que me inspira a escrever, infelizmente é um dos meus sentimentos mais reprimidos, a raiva.
    Sei que as vezes é bom extravazar ela, e é escrevendo que faço isso, como se fosse quando eu saio da minha caixa como diria você, e me sinto um pouco renovado novamente, pena que não o suficiente para sentar em uma nuvem, já que sempre fui sonhador e até hoje vivo sobre elas...

    Belissímo texto

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  2. É prima, vivo quase as mesmas coisas que você.
    Não sei se estou feliz ou triste, me alegro com coisas pequenas, como também me aborreço com coisas pequenas.
    Mas a gente vai levando e no fundo acho que a gente é feliz na maior parte do tempo.

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