Vestido azul.

Queria um vestido azul, da cor dos olhos teus... Com a boba impressão de que assim você ainda pudesse me ver como naquela noite.
A melodia daquela música ainda tilinta em frente aos meus olhos quando me ponho a olhá-lo. Saio de mim e me transporto prum passado tão perto, só eu sei.
O salão ainda está cheio e os casais dançam, eu também junto a você, mas eu não ouço a musica e nem tenho os meus pés no chão, flutuo. Sei que momentos assim passam rápido e não voltam, e pessoas como você não vêem pra ficar, dessa maneira flutuei o tempo que pude, senti o perfume rodei pelo salão.
O calor das mãos, respiração ofegante e eu te ousei fitar os olhos, como se isso fosse ultrapassar os limites daquele momento tão impar, ao ponto de parecermos sozinhos naquele lugar. O toque dos lábios surgiu pura e simplesmente, como se de nós sempre fossem aqueles beijos.
Ao final da música o fim de nosso breve amor, o desenlace de mãos, o caminho solitário.
Será que as notas dessa música também o lembraram de mim como eu dele?
Ao breve amor, um pedaço de história minha e dele, historia de uma canção flutuada, de mãos atadas de beijos cedidos de pele suada.

Comentários

  1. Vestido alma-azul-anil

    O belo vestido azul da menina
    Bordado e prendado pela mãe orgulhosa
    dos anos de tão jovem inocência
    marcados na alma de uma jovem senhora

    Os tempos já se foram. E agora?
    marcas na alma- conciência
    dor de amor se apresentou
    na linda face que hora chora

    Saudades no catre vara a madrugada
    A menina no mundo se viu
    sozinha e perdida
    saudade do vestido azul-anil

    Levada pela sorte a uma terra sulina
    de um frio tão acolhedor?
    conhece as estórias na memória sentida
    de um passado aterrador

    Abrem-se horizontes de possibilidades
    ideologias a flertar
    Qual o caminho certo?
    pergunta a menina ao mar

    Bem sabes que o passado cobra
    atitudes a reclamar
    deves conhecer a sola
    dos despossuídos a chorar

    Relembra diários de motocicleta - uma voz a gritar:
    "há que endurecer sem perder a ternura"
    brilha os olhinhos da menina a sonhar

    Só resta lembrar
    os tempos do vestido alma-azul-anil
    de uma infância que não volta
    nessa estrada pueril

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