Das utopias.


Acabo de perder o controle que às vezes penso ter de minha mente, das minhas ações. É nessas horas que percebo o quanto sou uma pessoa de difícil convivência, sou explosiva, um verdadeiro caos, um ciclone sem destino que acaba por derrubar uma folha ou muitas outras pelo caminho.
No mesmo minuto que tudo parece bem uma avalanche de pensamentos angustia e sentimentos transbordam de minha boca, e caem por cima de quem nem sequer armou o guarda chuvas, tenho literalmente ataques.
Aí fico pensando de onde eu tiro esses surtos de estresse, de raiva de ter nascido, raiva de tudo desde os que me olham até os que deixaram de me olhar.
Surtos, são a única palavra que consigo achar pra denominar tal comportamento, não agüento por um instante mais estar onde estou, ouvir as conversas que estou ouvindo, queria poder-me tele transportar para dentro do meu quarto e me colocar dentro das cobertas.
Começo a me questionar e a colocar meus sonhos na realidade e isso dói, por que por mais que eu caminhe eu não consigo senti-los palpáveis... Estão longe de mim como a minha compreensão para tais sentimentos repentinos.
Estudo por opção por que gosto e sempre gostei, não era sonho de ninguém de minha família, não foi por influencia de ninguém, foi quase que nato. Essa mania de escrever estando feliz, triste, angustiada também não vem de lugar algum, não posso dizer que é genético, não posso exemplificar leitores ou muito menos escritores em minha arvore genealógica.
Aí começo a colocar tudo o que utopicamente eu penso pra mim, que lindo seria morar numa casa em frente ao mar com janelas imensas e a única preocupação minha fosse escrever romances, e no fim me tornar mais que a reencarnação da amada de Pablo Neruda.
A conta de água, luz, telefone o colégio dos filhos que eu pretendo ter, a viagem nas férias, os presentes no Natal viessem tão facilmente quanto as ondas quebrariam no mar em frente ao meu ninho.
Ser pratica e realista sempre foi uma característica minha por vezes muito criticada. Eu aprendi a sonhar, mas a forma como a minha vida sempre se deu, uma forma dura e cinza não me deixa divagar por muito tempo.
Fico pensando, quero morar totalmente sozinha, penso que atrapalho onde estou mesmo sem ter nenhuma reclamação, queria meu canto minha bagunça organizada, minhas musicas de madrugada, minhas almofadas pelo chão... Não sou mais criança faz tempo, deixei essa fase antes mesmo que as demais chegassem, sai de casa e não tenho casa. Por mais que não queira ser uma pessoa consumista, como não pensar que um dia quero um teto bom e seguro sobre minha cabeça, que não quero nem imaginar passar muitos anos mais congelando meu nariz em terminais rodoviários tarde da noite para poder voltar para casa, que não vou ter dinheiro para uma pipoca no final da aula por quantos anos ainda, quando vou poder fazer óculos novos... Quando a merda do dinheiro não me vai ser tão escassa!
Negar que adoro consumir... Por quê?Só porque faço história tenho de ser uma mulher molambenta, quase que uma andarilha com brinquinhos estritamente hippies, não usar maquiagem, salto alto e quem sabe até não tomar mais banho! Eu faço escova no cabelo sim e adoro um sapatinho de marca, claro quando posso. Talvez a lavagem cerebral e a convivência ainda ou talvez nunca acredito eu me consertem para o que parece certo.
Não deixo de olhar pro lado e ver os que passam frio nas ruas enquanto estou vestida, nem deixo de pensar que faço parte dos 5% nesse país que estão numa universidade publica, que tenho a chance que muitos não tiveram e nem nunca vão ter, mas eu sou humana tenho dias de crises internas terríveis, preciso desabafar e aceitar as minhas fraquezas, aceitar que eu tenho dias que me parece melhor ficar em casa quando frio.

Comentários

  1. eu havia escrito um texto com as mesmas idéias suas, também surtei hoje, sem motivo algum, acho que por ser doente mesmo e cheia de traumas, até exclui ele, afinal lendo o seu vi que não precisava escrever um texto grosso como eu escrevi, você o fez com delicadeza.

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  2. E vc me ensina a ser tão sincero assim? Sem ter medo de falar o que sente na essência.

    Teve uma parte do texto que me tocou profundamente, uma coisa que parece tão minima para alguns, mas pude sentir exatamente o mesmo que você.

    E o dinheiro, deixara de ser excasso, quando ele não existir. Afinal, é só papel, somente papel...

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  3. huahauhau vejo aí a continuação da crise que presenciei onten!

    ai amiga, é dolorido, eu sei, revoltante também, mas enfim como vc mesmo disse estamos muito melhores do que muita gente, e se no fim não conseguirmos nada, mesmo o nosso nada pode se tornar tudo no momento em que percebemoscom que as pequenas coisas fazem a diferença.As amizades, maturidade e força que a vida nos dá, as vezes são tão mais relevantes...


    ps: conte sempre comigo, em qualquer crise estarei do seu lado =)

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  4. o frio gera caos. Mas só a sinceridade liberta.
    Aceite o caos com todo o resto, vivemos todos abraçados nele =D

    Esse texto ficou muito legal!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. ...só posso dizer que vc só tem a vc..e nem precisa mais que isso...e quando vc tiver soluções para essas questões muito pessoais,faz o favor de me mandar a receita ok!

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  7. Como diria o Deleuze:"Não é a vida que morre, são os organismos".
    De crise em crise nos tornamos mais fortes.
    A maioria das pessoas tem medo das crises, mas elas são tão legais!:)
    Seu texto ficou bom, você escreve bem - sabe organizar as ideias ao colocar as palavras-conceitos no ritmo certo.Uma sinfonia!
    Bjo

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  8. algo a ver com uma certa colaboradora? ahuahuahuahua... Mulher...depois das revelações de hoje...fiquei sem saber onde devo pisar...não seria melhor jamais colocar os pés no chão outra vez? afff... que raiva viu!!!
    bjks da pedagogenta...rs.

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  9. Jeh, vc tem o dom da escrita, seus textos são sempre marcadas pela sinceridade, o que os torna tão verdadeiros.
    Quantos aos sonhos, por menos pelpáveis que nos pareçam, não devemos desistir, pq se não corrermos atras deles eles nunca serão palpáveis...
    bjs amiga.

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