Melhor enxaguar os olhos...

do que guardar tanta água dentro de si.
Dói mais que meu dente do juízo tentando nascer, porque é uma dor
que nasce no coração.
É sempre aquele sentimento de solidão, misturado com falta de amparo.
E eu só tenho 22 anos e gostaria de nascer de novo, em outro país, em outra família,
com dons para a matemática e não às letras.
Talvez gostasse de ser ruiva, com sardas e olhos azuis de dar inveja.
Mas enquanto a vida que tenho é essa aqui, eu fico imaginando quando as nuvens negras vão passar, quando o sol vai mirar bem em cima da minha cabeça, e alguma coisa vai ocorrer.
Quando? Quando terei um emprego bacana, quando serei livre de toda, quando terei meu apartamento, um teto com almofadas com motivos indianos, meus insensos, minha mobília vinda de algum antiquário.
Quando vou viver do que melhor sei fazer, contar histórias, escreve-las...ensiná las.
São tanto quando. porques que chego a me sufocar, as vezes acho que meu lugar no mundo foi esquecido, que não tenho serventia.
Parece tudo tão superficial, é tudo tão frágil quanto papel de seda, uma gota dágua, um vento meio forte, ela se vai.
E recuperar todos os pedaçoes que ficaram, ali espalhados por todos os lados, eles vem encharcados de toda lágrima nao mais contida.
Eu ainda posso chorar, é só o que me resta, eu só queria ter mais coragem de me deixar sofrer um pouco, não essa dor de dente que enlouquece. Me deixar sofrer, ao invés de querer bancar sempre a super herói